Inconfidência Mineira

Senado celebra 50 anos de Brasília e Dia de Tiradentes

Os senadores vão celebrar no período do expediente da sessão plenária da próxima terça-feira (13), a partir das 14h, o aniversário de 50 anos de Brasília e o Dia de Tiradentes, ambos comemorados no dia 21 de abril. O requerimento solicitando o evento é de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

A comemoração simultânea dos dois eventos realça um vínculo que não escapou aos construtores de Brasília. Atribui-se aos inconfidentes o desejo de transferir a capital brasileira para o interior do país - feito realizado sob o comando do presidente Juscelino Kubitschek. Além disso, durante a missa celebrada na madrugada do dia 20 para o dia 21 de abril de 1960, que marcou a inauguração da capital, soaram as badaladas do mesmo sino que em 1792 anunciara em Vila Rica a morte de Tiradentes.

Ciclo do Ouro

Introdução

No final do século XVII, as exportações de açúcar brasileiro (produzido nos engenhos do nordeste) começaram a diminuir. Isto ocorreu, pois a Holanda havia começado a produzir este produto nas ilhas da América Central. Com preços mais baixos e boa qualidade, o mercado consumidor europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês.

Crise do açúcar e a descoberta das minas de ouro 
 Esta crise no mercado de açúcar brasileiro, colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de renda, pois, como sabemos, os portugueses lucravam muito com taxas e impostos cobrados no Brasil. Foi neste contexto que os
bandeirantes, no final do século XVII, começaram a encontrar minas de ouro em
Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda.

A descoberta de ouro no Brasil provocou uma verdadeira “corrida do ouro”, durante todo século XVIII (auge do ciclo do ouro). Brasileiros de todas as partes, e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões auríferas, buscando o enriquecimento rápido. Doce ilusão, pois a exploração de minas de ouro dependia de altos investimentos em mão-de-obra (escravos africanos), equipamentos e compra de terrenos. Somente os grandes proprietários rurais e grandes comerciantes conseguiram investir neste lucrativo mercado.

Cobrança de impostos

A coroa portuguesa lucrava com a cobrança de taxas e impostos. Quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição (órgão do governo português), que derretia o ouro, transformava-o em barras (com o selo da coroa portuguesa) e retirava 20% (um quinto) para ser enviado para Portugal. Este era o procedimento legal e exigido pela coroa portuguesa, porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou outras punições mais sérias como, por exemplo, o degredo.

Além do quinto, Portugal cobrava de cada região aurífera uma certa quantidade de ouro (aproximadamente 1000 kg anuais). Quando esta taxa não era paga, havia a execução da derrama. Neste caso, soldados entravam nas residências e retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido. Esta cobrança gerou muito revolta entre a população.

Mudança da capital

Com a exploração do ouro, a região Sudeste desenvolveu-se muito, enquanto o Nordeste começou a entrar em crise. Neste contexto, a coroa portuguesa resolveu mudar a capital da colônia de Salvador para o
Rio de
Janeiro. Desta forma, pretendia deixar a capital próxima ao novo pólo de desenvolvimento econômico.

Desenvolvimento das cidades

Nas regiões auríferas, várias cidades cresceram e muitas surgiram neste período. A vida nas cidades dinamizou-se, fazendo surgir novas profissões e aumentando as atividades comerciais, sociais e de trabalho. Teatros, escolas, igrejas e órgãos públicos foram criados nestas cidades. Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Tiradentes e São João Del Rei foram algumas das cidades que mais se desenvolveram nesta época.

Revoltas
As cobranças excessivas de impostos, as punições e a fiscalização da coroa portuguesa provocaram reações na população. Várias revoltas ocorreram neste período. Podemos citar a Revolta de Felipe de
Santos, que era contrário ao funcionamento das Casas de Fundição. A própria Inconfidência Mineira (1789) surgiu da insatisfação com as atitudes da metrópole. Liderados por
Tiradentes, os inconfidentes planejavam tornar o Brasil independente de Portugal, livrando o país do controle metropolitano. Apesar de ter sido sufocada, a
Inconfidência Mineira tornou-se o símbolo da resistência brasileira.

Cabeça de Tiradentes

A Cabeça de Tiradentes é uma das melhores crônicas de Bernardo Guimarães. Faz parte do volume de “História Tradições da Província de Minas Gerais”. Está reproduzida na Biblioteca Internacional de Obras Celebras, edição da Sociedade Internacional.

O prosador ouro-pretano pinta o quadro lúgubre e revoltante, no Rio de Janeiro, em que aparece, erguida na ponta de um poste, a cabeça do herói da Conjuração Mineira.

Imolado Tiradentes no patíbulo carioca, foi esquartejado o seu corpo, tendo sido os pedaços enviados para diversos cantos do país, para expiação. Um dos braços foi para Paraíba do Su, outro para Barbacena, as pernas para outras localidades. A Ouro Preto, coube a cabeça, enviada dentro de um barril, mergulhada em forte salmoura.

Posta, em praça pública, na capital mineira, na ponta de um mastro a cabeça de Tiradentes, ficou ela guardada noite e dia por um soldado com arcabuz engatilhado. Um admirador do mártir  passou a espreitar durante a noite, para no momento oportuno roubar a relíquia cívica. E numa madrugada, a sentinela dormiu.

“Um vulto todo rebuçado –conta Bernardo Guimarães– surge por entre as trevas e se aproxima cautelosamente do tremendo poste. Com uma comprida vara que trazia, fez saltar do poste a caveira, apanha-a rapidamente e desaparece com o favor das trevas e do nevoeiro.”

No Hino que, em abril de 1882, em Ouro Preto, o poeta compôs para exaltar a memória de Tiradentes (musicado pelo maestro Emílio Soares de Gouveia Horta) introduziu estrofes rememorativas desse episódio da história brasileira:

A tua cabeça heróica
Sobre vil poste hasteada
- Liberdade - Independência
Até hoje inda nos brada.

Do teu mutilado corpo
Os membros esquartejados
Foram ecos rugidores,
Aos quatro ventos lançados.

Fotos Tiradentes

Desenho de tiradentes

Bandeira da Inconfidencia Mineira